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domingo, 18 de dezembro de 2016

Paciência

Poucas são as palavras que eu digo sentidas!
Ninguém vive sem errar, nem com sete vidas!
É mais fácil entrar do que sair! Nem com sete saídas...
Ele diz que voa no pensamento... 
Não precisa de asas. Ele só pesa menos...
Eu digo que é só pairar, ele diz estar na mente.
Ele diz a minha estar a parar. Ele não mente.
Vira tudo uma grande bola de neve!
Só quero que o frio fique e a bola me leve!
Eu não quero voar, eu só quero ser leve...
Eu só quero ter-me como ninguém me teve...

Alberto L. J. Andrade

Amor Platónico

Não controlamos o que sentimos,
Só sabemos quando amamos.
Quando te vejo, perco os sentidos
E nós nem sequer falamos...
Trocámos palavras, fomos colegas,
Mas agora nem sequer nos vemos...

Fugiu tudo à minha compreensão,
Porque só basta a tua imagem...
O resto fica numa ilusão,
Num sonho, numa miragem.
Continuo preso ao meu passado,
Mas o tempo fez uma viragem:

Agora vejo-nos no futuro - eu e tu,
Uma casa, um carro e dois bebés;
Tu deitada e eu sentado ao teu lado
A massajar os teus pés... Amo-te.

by, Alberto L. J. Andrade

Linhas do Meu Caderno

São nas linhas do meu caderno
Que escrevo o que sinto sem mentir
E mesmo quando minto sinto
Aquilo que estou a dizer.

E nunca quis o vosso amor
Nem admiração na verdade,
Sempre vivi do meu calor
Mesmo com frio na verdade.

Escrevo por escrever...
Não! Escrevo para viver,
Porque se vivesse do que sinto
Estaria a morrer!

Posso até não viver bem,
Mas podes crer que estou bem vivo!
Fazendo bastante por sentir,
Com esforço intensivo.

No entanto,
Nunca foi intenção enganar ninguém...
Errado, foi com intenção,
Mas para o meu próprio bem!

Pára! Sim pára...
E o mundo pára comigo...
Sento no sofá da sala.
Ao menos tenho abrigo...

by, Alberto L. J. Andrade

Bonança

As palavras voam.
Como voam as palavras...
Elas voam em cristais
Formados pelas águas.
E a felicidade está
Onde o rio desagua.
No rio afogo a mágoa,
No rio da palavra.

Deixo a minha palavra de honra
Que trago honra na palavra.

As palavras andam.
Como andam as palavras...
Parecem andar com sentido,
Como soldados em paradas.
Quando me sinto destruído
Sou soldado em palavras,
Vindas de um mundo em que vivo
E tenho mais de mil moradas.

Deixo a minha palavra de honra
Que trago honra na palavra.

As palavras nadam.
Como nadam as palavras...
Mas por vezes escapam,
Como se fosse uma caçada.
E eu não faço nada,
Fico sentado a ver passar,
Porque elas nadam bem
E eu tenho medo de me afogar.

Deixo a minha palavra de honra
Que trago honra na palavra.

E tu? No que trazes honra?

by, Alberto L. J. Andrade

Bem Longe

Dizem que o importante é a perseverança,
Mas a esperança morre cedo.
Dizem que o importante também é o amor,
Mas esse morre sempre!

E acabamos sempre por ver-nos presos na amargura
E a sorte não muda,
Se a gente não muda a sorte,
Com sorte, caímos na loucura!

São os bons momentos que passamos,
Que nos fazem bem.
Mas nós somos o que passamos,
Nem sempre passamos bem.
Vêem-nos à imagem do que passamos,
Nem sempre o passamos bem.
E com a aprovação alheia, ninguém diz,
Mas não passamos sem!

O sentido de amizade é forte
E tanto amor para dar...
São tantos laços feitos,
Mas fica a vontade de partir ao ficar...
Sentimento de dever fugir;
Ficar perdido no mar.
Pensar: "Não devias ter ido",
Mas aliviado estar...

Mas a poesia acalma...
Sinto o embalar do barco,
Seguido pela calma...
E a maresia que vou sentindo
Vai me lavando a alma...
Não me dou por vencido.
Vida, para ti só uma palma!

by, Alberto L. J. Andrade

Não Quero Mais

Afastei-me da realidade,
Pois já não dava mais.
Sou amante da igualdade,
Era eu que dava mais.
E se a outra parte dá menos
É porque damos demais.

Não nego: não és um anjo
Mas pareces uma.
Sou homem de várias mulheres,
Ao teu lado só quero uma
E se não te tiver
Eu não quero nenhuma,
Como uma criança não quer
Partilhar a última goma!

O amor desapareceu,
Pelo menos assim se mostra...
Se ainda gostas de mim,
Não é assim que se gosta!
No lugar da felicidade
Saiu na sorte uma amostra,
Porque se isto é amor
Então amar é uma bosta!

Por isso, não quero mais!
E quanto mais digo não quero
Eu sei que quero mais!
Eu choro, eu desespero
E ainda te quero mais!
Não há alento para o desespero
E eu não aguento mais!

by, Alberto L. J. Andrade

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Sem título

A beleza está nos olhos de quem vê, tenho dito.
Verdades podem ser camufladas, mas eu não minto.
Sei que por vezes tenho tendência a apertar o cinto....
A respiração foge, no entanto digo o que sinto!

Dizem que a vida corre, eu sinto-a a voar...
Fico perdido na sua silhueta, esqueço o seu olhar,
Pois o sentimento é sempre sobreposto pela razão.
Muitos chamam de azar ao que chamo repercussão!

Penso que não sei, o que acho que sei...
Provavelmente não tem sentido o que disse...
A verdade é que já tirei o rei da barriga
E pus-me na barriga de um rei

Por fim desaperto aquele tal cinto...
A respiração está cansada, mas volta
Sou daqueles que numa conversa séria
Trata tudo como uma anedota. Que revolta!

Chega! Nem sei bem porquê...
Tudo só é preto no branco,
Nos olhos de quem não vê!

Basta vida!
Quero é sorte!
Uma ida...
Um só Norte!

by, Alberto L. J. Andrade